:: Deixe que os mistérios existam ::

quarta-feira, setembro 27, 2006

Hoje não!!!

Sem palavras hoje. Há dias como este em que tudo o que penso parece não poder ser traduzido em palavras. Um dia daqueles em que os olhos falam muito mais, dias em que o coração parece ter tanto a falar, mas prefere calar-se. Mas nesse caso não é um calar-se para consentir, mas para não sentir. Não sentir ainda mais aquilo que o faz doer!!!
Na falta das palavras hoje deixo um breve texto de Fernando Pessoa:

Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, começa novamente.
Se estiver tudo certo, continue...
Se sentir saudades, mate-a!
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o.
Circunda-te de rosas, ama, beba e cala.
O mais, é nada!

Fernando Pessoa

terça-feira, setembro 26, 2006

Ah se eu pudesse!!!

Ah se eu pudesse controlar meus pensamentos, meus sonhos, meus sentimentos, meus desejos...
Se eu pudesse...
Certamente não seriam suas as palavras que escrevo, nem tão pouco meus sonhos, meus pensamentos, minhas divagações...
Se eu pudesse arrancar o que sinto era o que eu faria neste exato momento.
Mas eu e minhas reticências... como bem definiu Mario Quintana: As reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu caminho.
E é exatamente assim o meu pensamento e o meu sentimento por você... como as reticências... e sempre ouvi dizer que o importante não é o que fizeram de nós, mas o que fazemos com o que fizeram de nós, e sinceramente, tenho medo de não saber o que fazer do que você faz de mim.
Por que será que a vida não pode ser mais simples, mais fácil, mais exata? Por que será que os finais realmente felizes só acontecem em histórias infantis e conto de fadas?
Talvez seja pelo imenso vazio que o “E viveram felizes para sempre” causa, pois nisso está implícito tantas formas possíveis de felicidade que não entendo até hoje como alguém pode se contentar com um fim desses.
Deve ser por isso que nas minhas histórias os finais são tão mais complexos e complicados que esse... e começo a duvidar, aliás, sempre duvidei de que seja possível ser feliz para sempre... pois se não fosse a tristeza muitas palavras não pareceriam tão belas quanto realmente são... se não fosse o sofrimento talvez os poetas não tivessem a inspiração necessária para nos deixar um rico legado...
Por isso termino com uma frase de Guimarães Rosa: "É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado".

domingo, setembro 24, 2006

Quantas Saudades...

Hoje a saudade pegou valendo. E lembrei-me de um texto que recebi de um grande amigo e que descreve exatamente o que é esse sentimento que avassala o meu coração. O texto é de Miguel Falabella. Vale a pena ler!!!
Saudade

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade de um filho que estuda fora. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter. Saudade é basicamente não saber. Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio. Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada; se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial; se ela aprendeu a estacionar entre dois carros; se ele continua preferindo Malzbier; se ela continua preferindo Margarita; se ela continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados; se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor; se ela continua cantando tão bem; se ela continua detestando o Mc Donald's; Se ele continua amando; Se ela continua a chorar até nas comédias. Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos; Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento; Não saber como frear as lágrimas diante de uma música; Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer. É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer; Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler...
(Miguel Falabella)

Saudade!!! Imensa Saudade!!! Mas além dessa saudade descrita por Miguel Falabella, sinto uma outra saudade!!! Saudade das coisas que ainda não aconteceram. Saudade de ter um cantinho só meu, saudade do que está nos meus sonhos, nos meus anseios, nos meus desejos mais íntimos. Saudade do que eu penso poder viver, saudade de um sentimento e de idéias que talvez nunca se concretizem (saudade da 'nossa' Patagônia - risos). Saudades das palavras que ainda vou escrever... Misteriosamente... saudades...

sexta-feira, setembro 22, 2006

Crianças grandes e grandes crianças...

Às vezes me sinto tão madura que me vejo com uns 30 anos. Em contrapartida em certas ocasiões me sinto tão infantil que pareço ter uns 15. Mas aí somo as duas e divido por dois e vejo que dá quase a minha idade (e agora todo mundo vai lá fazer a continha pra tentar saber qual é essa idade...).
Mas não reclamo disso. Cada qual tem suas vantagens. Só é preciso saber distinguí-las muito bem a ponto de não errar a artista na hora de começar a representar nesse grande teatro que é a vida.
E antes de começar com minhas alegorias e metáforas quero enfatizar que meus textos não têm pretensão literária. São apenas pensamentos e idéias que vivem aqui dentro de mim e que agora estão sendo externadas de alguma forma.
Rupturas breves são necessárias, assim como é necessário romper com a infância sem esquecer de continuar tenro como as crianças. Por vezes também é preciso romper com a maturidade para dar um sabor mais picante à vida.
É isso que eu quero. Só quero continuar sendo eu mesma, fazendo as coisas do meu jeito...
Perfeccionista, sincera (até demais às vezes), sempre de bom humor, filosofando... acho que uma pessoa superficial e mentirosa não agüentaria ficar por muito tempo perto de mim. Opostos muito opostos acabam se repelindo.
Quero afastar de mim as sombras, pois minha criança gosta de luz. Mas não quero apenas a claridade porque o “eu maduro” também gosta de um breu. Já chorei demais, hoje não choro tanto. Mas continuarei a chorar porque viver é um drama. Mas até mesmo a vida dramática pode ser muito engraçada.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Tentando entender...

Preciso concordar com Fernando Pessoa de que “o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”, mas devo dizer ainda que, para mim, quanto mais intenso, mais eu quero que o momento se alongue.
Não ousaria discordar de Fernando Pessoa, mas acrescentaria que quanto mais intenso, mais desejável, mais insaciável, mais indissociável.
Uma pessoa entra na sua vida e, incomparavelmente, faz com que coisas inexplicáveis aconteçam dentro de você e fazem com que você deseje incessantemente que a sua vida seja sempre como aquele momento inesquecível.
Muitas vezes essa pessoa nem se dá conta da importância que ela tem pra você. Nem tão pouco o quanto ela ocupa os seus pensamentos durante o seu dia... ou não se importa, ou não sabe demonstrar o quanto se importa. As mais lindas palavras, o maior cuidado na escolha de um vocabulário que tente representar ao menos um pouco daquilo que você sente não parece ser o suficiente. Palavras às vezes não resolvem. Não sei porque eu gosto tanto delas...
E por mais que você as escolha com cuidado, que você as pense não só com a mente, mas com seu coração e com sua alma, elas parecem não fazer o sentido que você queria que realmente fizesse.
Mas eu não vou desistir. Acredito ainda na força das palavras e acredito também nesse sentimento que carrego aqui dentro de mim, embora muitas vezes eu não entenda o porquê de ser algo tão intenso, tão frenético, tão envolvente.
Preciso dormir. Dormir e sonhar, muito sonhar, pois nos sonhos podemos viver e reviver o que não foi vivido, quando quisermos, no lugar que quisermos e com quem quisermos.
Acho que vou pra cama porque pelo menos nos meus sonhos você é real.

Ah o amor!!! Que nasce não sei onde, cresce não sei como e dói não sei porquê!!!

quarta-feira, setembro 20, 2006

Mistérios? Hoje não!!!

Sem mistérios por hoje. Não de início. Ao fazer um trabalho percebi que poderia iniciar isso aqui com algo interessante. Não misterioso, no entanto.
O Mez da Grippe (a grafia é exatamente essa) é uma obra de Valêncio Xavier e é muito interessante por permitir que o leitor faça uma leitura simplesmente linear ou uma leitura onde vão se misturando todas as vozes ali presentes, o que acaba formando contrapontos interessantes, pois o livro tem duas “correntes”, que são constituídas pelos dois jornais, um governista que prega a normalidade e o de oposição, mais alarmista – sistematicamente como funciona até hoje a linha informacional da mídia brasileira.
É interessante observar como uma obra que relata um fato ocorrido em 1918 se parece com o que acontece na sociedade em nossos dias. Meios de comunicação totalmente parciais, que se deixam influenciar por determinadas idéias, por um jogo de interesses que vai muito além da “ética do profissional de comunicação”, deixando de expor fatos relevantes ou, pior, distorcendo a realidade com a nítida finalidade de agradar uma minoria de privilegiados que detém o poder e fazem do país o que bem entendem – ou melhor, o que nem eles entendem.
Enquanto novos mistérios não chegam, fico por aqui.